Irmãos negociam direito de uso do nome Mesbla e loja volta a operar após 23 anos
Após 23 anos, a companhia que havia decretado falência em 1999 Mesbla voltou as operações neste mês. Porém, agora, digitalmente. Seu marketplace já conta com aproximadamente 250 mil produtos, divididos em cerca de 250 categorias.
O custo para colocar a marca no ar foi de R$ 500 mil. A companhia não contou com investimentos de terceiros, apenas com o capital dos dois CEOs: Ricardo Viana e seu irmão Marcel Jeronimo.
"[Retomamos a Mesbla] por dois motivos. O primeiro deles é o elo afetivo e o segundo é o cenário promissor do e-commerce brasileiro", destacou Viana. Seu pai, Alfeu Viana, trabalhou na companhia por 61 anos e foi na antiga loja do Rio de Janeiro, localizada em Passeio, que conheceu sua atual esposa e mãe de Ricardo e Marcel, Adeilza Viana.
Marcel também trabalhou como aprendiz na empresa, quanto tinha 14 anos, e depois prestou serviços por dois anos como consultor técnico.
O cenário do e-commerce também encoraja. O volume de vendas realizadas pela internet cresceu 15,52% em fevereiro de 2022 em relação ao mesmo mês do ano passado. O faturamento do setor, por sua vez, expandiu 11,2%, de acordo com os dados da Neotrust Movimento Compre & Confie, em parceria com o Comitê de Métricas da Câmara Brasileira da Economia Digital (camara-e.net).
História de falência e prejuízo
A história da companhia é marcada por prejuízos e demissões. Tanto que Viana informou que o maior ponto de confiança que as pessoas podem ter é que "a Mesbla está inserida na legislação de parceiro vigente, fazendo o split de pagamento com o parceiro comercial. [É preciso] trazer novamente a confiança, respeitar o cliente, realizando, por exemplo, um atendimento humanizado. Sempre dispostos a ouvir toda e qualquer demanda".
O split de pagamento é um sistema que permite dividir um pagamento feito por um consumidor online entre vários recebedores. A Mesbla.com não trabalhará com estoque próprio. Todos os produtos são de terceiros. Por se tratar de um marketplace, o estoque fica em poder dos vendedores.
Antes de falir, no fim do governo Sarney, em 1990, a diretoria ? composta por quarenta pessoas ? optou por estocar mercadorias em excesso com receio de o país caminhar para uma hiperinflação.
Com isso, alguns anos depois, após a implementação do Plano Real, em 1994, a empresa começou a enfrentar prejuízos, fechando lojas e demitindo funcionários para tentar conter a diluição do caixa.
À época, as dívidas acumularam bilhões de reais, tanto que a empresa pediu concordata (mecanismo jurídico que visa resolver a situação de uma empresa devedora, tentando prevenir a falência). Em 1997, o empresário e dono das antigas Lojas Mappin, Ricardo Mansur, comprou 51% das ações da companhia, por aproximadamente R$ 600 milhões, para tentar fundir as empresas.
Porém, a dívida era alta. E Mansur ? que tentou conseguir dinheiro com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), mas sem sucesso ? optou por decretar a falência da empresa.
A companhia chegou a abrir capital na antiga BRVJ (Bolsa de Valores do Rio de Janeiro), em outubro de 1968, e fechou seu registro em fevereiro de 2000. De acordo com o site da B3, o motivo pelo fim das negociações foi: falta de atualização do registro.
Questionados pelo CNN Brasil Business, os irmãos não informaram se pretendem abrir capital novamente.
*Com informações do Estadão Conteúdo
Viana informou ao CNN Brasil Business que negociou a licença do uso do nome exclusivamente, e serão pagos royalties ? como é padrão nos contratos de licenciamento. O valor não foi informado.